29.5.11

Bebês são capazes de fazer previsões em situações novas

Estudo mostrou que a mente de recém-nascidos é muito mais sofisticada do que se pensava


No estudo, crianças viam vídeos de objetos que eram retirados de um recipiente e então faziam previsões

Os pais corujas podem ficar ainda mais orgulhosos. Bebês de 12 meses de idade são mais espertos do que se pensava e são capazes de fazer previsões sobre novas situações do cotidiano, como por exemplo, saber que um objeto não pode desaparecer em um piscar de olhos, nem se teletransportar de um lugar para o outro. Estudo realizado por pesquisadores americanos e europeus conseguiu mostrar que bebês podem executar análises sofisticadas de como o mundo físico deve se comportar, mesmo sem ter passado por experiências prévias.

“Nosso estudo focou no caso de que bebês pudessem criar perspectivas sem experiências prévias, e se tais perspectivas são racionais, no sentido de que podem ser formadas a partir do zero”, disse ao iG Luca Bonatti, da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, e um dos autores do estudo publicado no periódico científico Science.

O grupo criou um modelo de computador sobre a cognição dos bebês que simula um tipo de inteligência chamada de puro raciocínio e também calcula a probabilidade de um evento particular acontecer. Este tipo de raciocínio é diferente de prever o futuro baseado em quantas vezes o evento aconteceu, visto que os pequenos carecem de experiências prévias.

De acordo com Bonatti, durante o estudo foi jogada uma espécie de loteria com os bebês só que com mudanças repentinas. A equipe mostrou um vídeo com uma série de objetos dentro de um recipiente. A imagem era mostrada por um determinado período e depois dos objetos era retirado. Havia diferença de categoria entre os objetos de acordo com as cores, três deles eram azuis e um amarelo, por exemplo. Os pesquisadores observavam quanto tempo os bebês ficavam olhando para cada imagem e com isto concluíam que as crianças estavam usando raciocínio puro para prever que objeto seria retirado.

Pesquisas revelam novas funções do aleitamento materno

“Achamos uma maneira de observar que aposta os bebês faziam, sem ter uma experiência prévia destas situações. Queríamos saber se eles achariam que um objeto amarelo ou azul sairia, como de fato aconteceu”, disse ao iG.

O estudo é o primeiro de um projeto de longo prazo que sobre a “engenharia reversa” da cognição infantil. O projeto vai estudar crianças de três a doze meses para mapear o que elas sabem sobre o mundo físico e social. O projeto "3-6-12" tem o objetivo de compreender a natureza da inteligência para depois reproduzi-la em máquinas.



Maria Fernanda Ziegler, iG São Paulo

Erupção do Vulcão Grimsvötn

A erupção do vulcão Grimsvötn, ocorrida na Islândia em 21 de maio de 2011, provocou o lançamento de toneladas de cinzas na região e interditou o espaço aéreo local e em partes da Escócia. A previsão é que o fenômeno atinja também o norte da Inglaterra, Irlanda do Norte e provoque o cancelamento de até 500 voos. Esta é a mais poderosa erupção na região desde 1873, superando inclusive a erupção do vulcão Eyjafjallajokull que ocorreu no ano passado.







Nuvem de fumaça da erupção do vulcão Grimsvotn, na geleira Vatnajokull, no sudeste da Islândia, em 21 de maio de 2011.


                 

Imagem de satélite mostra nuvem de fumaça provocada pela erupção do vulcão Grimsvötn. Islândia, 22 de maio de 2011




Fumaça do vulcão Grimsvötn, que fica sob a geleira Vatnajokull, cerca de 120 milhas (200 quilômetros) a leste da capital, Rejkjavik. Islândia, 21 de maio de 2011.






Vista aérea do vulcão Grimsvötn, no sul da Islândia, em 21 de maio de 2011




Fazenda coberta por cinzas do vulcão Grimsvötn, em Thorvaldsstadir, sudeste da Islândia, em 22 de maio de 2011.





Cordeiro morto pelas cinzas do vulcão Grimsvotn. Islândia, 24 de maio de 2011.





Fazendeiro retira rebanho de ovelhas das cinzas da erupção do vulcão Grimsvötn. Islândia, 22 de maio de 2011.



               

Homem anda em rua coberta pelas cinzas do vulcão Grimsvötn. Islândia, 23 de maio de 2011


A erupção do vulcão Grimsvötn envia milhares de toneladas de cinzas vulcânicas para o céu. Islândia, 23 de maio de 2011.





Não existe ligação entre uma erupção vulcânica e a degradação do meio ambiente por ação antrópica.

Antes de existir alguma forma de vida (quem poderia, nesse caso, agredir o meio ambiente numa Terra primitiva?) vulcões ativos – e muito mais ativos dos que os que conhecemos – já existiam por toda a superfície da Terra.

Ainda bem que ainda podemos presenciar esses acontecimentos espetaculares, pois isso não significa o fim dos tempos e nem cumprimento de profecias (pode ser que essas teorias se cumpram, é possível), mas simplesmente a garantia de que nosso planetinha ainda está vivo e em pleno vigor.

É isso (juntamente com o Sol) que mantém qualquer forma de vida aqui. E quem sabe em outros lugares nesse confins intrigante que é o Universo
 
AO MESMO TEMPO QUE ME ENTRISTECE PELOS TRANSTORNOS CAUSADOS, ME ALIVIA E DEIXA CONFORMADA O SABER QUE SE NÃO FOSSEM ESSAS VÁLVULAS DE ESCAPES, COM CERTEZA A TERRA NÃO MAIS ESTARIA POR AQUI, PELO MENOS COMO A CONHECEMOS!!!


matéria do site do IG

28.5.11

Para pensar




Um final de semana com muitos conflitos!
Beijos no coração!

Reflexão


"Eu estava correndo e de repente um estranho trombou em mim:

- "Oh, me desculpe por favor", foi a minha reação.

E ele disse:

- "Ah, desculpe-me também, eu simplesmente nem te vi!"

Nós fomos muito educados um com o outro, aquele estranho e eu.

Então, nos despedimos e cada um foi pro seu lado.

Mas em nossa casa, acontecem histórias diferentes.

Como nós tratamos aqueles que amamos...???



Mais tarde naquele dia, eu estava fazendo o jantar e meu filho parou do meu lado tão em silêncio que eu nem percebi. Quando eu me virei, tomei o maior susto e lhe dei uma bronca.



"Saia do meu caminho filho!"



E eu disse aquilo com certa braveza.

E ele foi embora, certamente com seu pequeno coração partido.

Eu nem imaginava como havia sido rude com ele.

Quando eu fui me deitar, eu podia ouvir a voz calma e doce de Deus me dizendo:



- "Quando falava com um estranho, quanta cortesia voce usou!

Mas com seu filho, a criança que você ama, você nem sequer se preocupou com isso!

Olhe no chão da cozinha, você verá algumas flores perto da porta.

São flores que ele trouxe pra você.

Ele mesmo as pegou; a cor-de-rosa, a amarela e a azul.

Ele ficou quietinho para não estragar a surpresa e você nem viu as lágrimas nos olhos dele."


Nesse momento, eu me senti muito pequena.

E agora, o meu coração era quem derramava lágrimas.

Então eu fui até a cama dele e ajoelhei ao seu lado.


- "Acorde filhinho, acorde. Estas são as flores que você pegou pra mim?"





Ele sorriu,

- "Eu as encontrei embaixo da árvore.

Eu as peguei porque as achei tão bonitas como você!.

Eu sabia que você iria gostar, especialmente da azul"


Eu disse:

- "Filho, eu sinto muito pela maneira como agi hoje.

Eu não devia ter gritado com você daquela maneira."


-"Ah mamãe, não tem problema, eu te amo mesmo assim!!"


- "Filho, eu também te amo. E eu adorei as flores, especialmente a azul."



Você já parou pra pensar que, se morrermos amanhã, a empresa para qual trabalhamos poderá facilmente nos substituir em uma questão de dias.

Mas as pessoas que nos amam, a família que deixamos para trás, sentirão essa perda para o resto de suas vidas?

E nós raramente paramos pra pensar nisso.


Às vezes colocamos nosso esforço em coisas muito menos importantes que nossa família, que as pessoas que nos amam, e não nos damos conta do que realmente estamos perdendo.

Perdemos o tempo de sermos carinhosos, de dizer um "Eu te amo", de dizer um "Obrigado", de dar um sorriso, ou de dizer o quanto cada pessoa é importante pra nós.

Ao invés disso, muitas vezes agimos com rudeza, e não percebemos o quanto isso machuca os nossos queridos.

A família é o nosso maior bem!!



                                                                                  Autor Desconhecido









A Idade de Ser Feliz



Existe somente uma idade para a gente ser feliz,

somente uma época na vida de cada pessoa

em que é possível sonhar e fazer planos

e ter energia bastante para realizá-las

a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.



Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente

e desfrutar tudo com toda intensidade

sem medo, nem culpa de sentir prazer.



Fase dourada em que a gente pode criar

e recriar a vida,

a nossa própria imagem e semelhança

e vestir-se com todas as cores

e experimentar todos os sabores

e entregar-se a todos os amores

sem preconceito nem pudor.



Tempo de entusiasmo e coragem

em que todo o desafio é mais um convite à luta

que a gente enfrenta com toda disposição

de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,

e quantas vezes for preciso.



Essa idade tão fugaz na vida da gente

chama-se PRESENTE

e tem a duração do instante que passa.




autor desconhecido

O Homem e a Mulher - Victor Hugo



Linda a comparação!

21.5.11

A Ressonância Schumann

"Temos que questionar os dogmas, questionar as ideologias, questionar as autoridades externas. Somente questionando o que todos aceitam como certo, o que todos acham que é verdade, é que conseguimos despertar da hipnose do condicionamento social.''







Não apenas as pessoas mais idosas mas também jovens fazem a experiência de que tudo está se acelerando excessivamente. Ontem foi carnaval, dentro de pouco será Páscoa, mais um pouco, Natal. Esse sentimento é ilusório ou possui base real? Pela “ressonância Schumann” se procura dar uma explicação. O físico alemão W.O. Schumann constatou em 1952 que a Terra é cercada por uma campo eletromagnético poderoso que se forma entre o solo e a parte inferior da ionosfera que fica cerca de 100 km acima de nós. Esse campo possui uma ressonância (dai chamar-se ressonância Schumann) mais ou menos constante da ordem de 7,83 pulsações por segundo. Funciona como uma espécie de marca-passo, responsável pelo equilíbrio a biosfera, condição comum de todas as formas de vida. Verificou-se também que todos os vertebrados e o nosso cérebro são dotados da mesma frequência de 7,83 hertz. Empiricamente fêz-se a constatação que não podemos ser saudáveis fora desta frequência biológica natural. Sempre que os astronautas, em razão das viagens espaciais, ficavam fora da ressonância Schumann, adoeciam. Mas submetidos à ação de um “simulador Schumann” recuperavam o equilíbrio e a saúde.

Por milhares de anos as batidas do coração da Terra tinham essa frequência de pulsações e a vida se desenrolava em relativo equilíbrio ecológico. Ocorre que a partir dos anos 80 e de forma mais acentuada a partir dos anos 90 a frequência passou de 7,83 para 11 e para 13 hertz por segundo. O coração da Terra disparou. Coincidentemente desequilíbrios ecológicos se fizeram sentir: perturbações climáticas, maior atividade dos vulcões, crescimento de tensões e conflitos no mundo e aumento geral de comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros. Devido a aceleração geral, a jornada de 24 horas, na verdade, é somente de 16 horas. Portanto, a percepção de que tudo está passando rápido demais não é ilusória, mas teria base real neste transtorno da ressonância Schumann.

Gaia, esse superorganismo vivo que é a Mãe Terra, deverá estar buscando formas de retornar a seu equilíbrio natural. E vai consegui-lo, mas não sabemos a que preço, a ser pago pela biosfera e pelos seres humanos. Aqui abre-se o espaço para grupos exotéricos e outros futuristas projetarem cenários, ora dramáticos, com catástrofes terríveis, ora esperançadores como a irrupção da quarta dimensão pela qual todos seremos mais intuitivos, mais espirituais e mais sintonizados com o bioritmo da Terra.






Não pretendo reforçar este tipo de leitura. Apenas enfatizo a tese recorrente entre grandes cosmólogos e biólogos de que a Terra é, efetivamente, um superorganismo vivo, de que Terra e humanidade formamos uma única entidade, como os astronautas testemunham de suas naves espaciais. Nós, seres humanos, somos Terra que sente, pensa, ama e venera. Porque somos isso, possuimos a mesma natureza bioelétrica e estamos envoltos pelas mesmas ondas ressonantes Schumann. Se queremos que a Terra reencontre seu equilíbrio devemos começar por nós mesmos: fazer tudo sem stress, com mais serenidade, com mais amor que é uma energia essencialmente harmonizadora. Para isso importa termos coragem de ser anti-cultura dominante que nos obriga a ser cada vez mais competitivos e efetivos. Precisamos respirar juntos com a Terra para conspirar com ela pela paz.


Por Leonardo Boff - Teólogo


imagens da internet









19.5.11

Poema da Noite



Já chorei vendo fotos e ouvindo musica;

Já liguei só para ouvir uma voz;

Me apaixonei por um sorriso;

Já pensei que fosse morrer de saudade;

E tive medo de perder alguem especial... (e acabei perdendo)

Já pulei e gritei de tanta felicidade;

Já vivi de amor e fiz muitas juras eternas... "quebrei a cara muitas vezes!"

Já abracei para proteger;

Já dei risadas quando não podia;

Já fiz amigos eternos;

Amei e fui amado;

Mas tambem já fui rejeitado;

Fui amado e não amei...



Charles Chaplin

Falando de Arte


Falar de arte sem contextualizar é complicado, mas começar obrigatoriamente no convencional é o meio mais rápido para tornar uma obrigação chata algo que deveria ser gostoso. É assim que vejo arte: algo extremamente prazeroso.

Não, não enlouqueci. E não falo de sacanagem alguma, nem de sexo. Falo do prazer em sentido amplo, de viver e curtir a arte. “Sacar” o que está rolando na produção artística contemporânea, desvendar idéias, artistas, pessoas, isso sim fascina em arte. A história vem em conseqüência, e depois naturalmente vem a curiosidade de saber o “who-is-who”.

A sociedade e cultura ocidentais, mais a “moral cristã”, que valorizam o sofrimento como virtude, são responsáveis por um estado de coisas que às vezes me deixa a fim de dizer “pára mundo que eu quero descer!” Para falar ‘tecnicamente’ sobre arte vocês podem achar que há gente muito mais capacitada que euzinha (Até porque a minha esclerose-galopante me deixa completamente abobalhada com relação a nomes e datas, muitas vezes.), mas justamente é isso que resulta num “endeusamento abobalhante” da arte que é contrário ao prazer!Em alguns casos, essa “santificação” acontece inconscientemente. Como pessoas que, para valorizar um assunto, recorrem logo ao batido “estado da arte’ da coisa. Noutros, uma simples fala denota uma falta de respeito e preconceito absurdos, como expressões do tipo “fulano está fazendo arte”, quando a criatura está fazendo algo fora do que é considerado ‘certo’…

Há algumas tentativas de valorização que acabam como “tiros pela culatra”… Fazendo analogias tão pateticamente vazias que repetem padrões exaustivos sem realmente sequer saber do que está falando. Desde cedo se incute nas crianças a idéia de arte como algo “errado”… Mas que coisa difícil…

A fábula de La Fontaine, da Cigarra e da Formiga é o apogeu da bobagem! Enquanto a formiguinha, “tadinha” (olha o sofrimento aí…), trabalha feito uma condenada para ter seu sustento, a cigarra, aquela “desocupada”, “luxuriante”, “vazia” e “fútil criatura”, só canta… É artista, a descarada!

Essa fábula, preconceituosa, coloca o artista, como um vagabundo, que não trabalha, não produz e, portanto, não tem futuro! E a trabalhadora formiguinha, além de trabalhar, ainda acolhe a desocupada. Boazinha ela, nossa, não é?

Pois é… A moral da história: Artista é vagabundo e arte não é trabalho. Gostaria de encontrar, um dia, o Sr. La Fontaine cara-a-cara para saber de onde tirou essa idéia estapafúrdia!

Uma historinha que circula aí pela Internet, que recebi (sem citação), vem a calhar. É a “forra” dos artistas para este preconceitozinho medíocre, de arte como sinônimo de desocupação. Aliás, é o “abre alas” da minha cruzada-pessoal-de-conscientização-cultural-artístico-educacional, e diz mais ou menos assim:



A Cigarra e a Formiga se cruzam num “chopicentis” da vida. Formiga desculpa-se, se livra dos seguranças e de toda gente em volta, virando-se para seguir seu caminho, quando escuta: – Formiga! Não creio! É você, menina?

A Formiga não faz idéia de quem seja.

A outra continua: – Querida, você não está me reconhecendo? Não acredito que não se lembre de mim, Cigarra, que você ajudou naquele inverno, lembra?

A formiga, então, sorri e diz: – Mas Amiga Cigarra, você está tão diferente… Como está?

Cigarra, abraçando a formiga, diz: – Pois não é, amiga? Você está igualzinha! Como tá a vida?

Formiga responde: – A vida? Na mesma, trabalho e mais trabalho, nada de novo, e você?

Cigarra: – Ah, minha amiga, nem te conto! Depois daquele inverno em que me socorreu, veio a primavera e o verão. Como sempre, cantava num bar… Um produtor internacional me viu e adorou minha voz! Me levou para fora, me produziu e me lançou no mercado internacional. Enfim, estourei e fiquei rica. Tô aqui hoje para lançar o meu novo álbum. Como não paro em canto algum, tenho apartamento em NYC, Londres e aqui, e estou indo para Paris prá uma turnê pela Europa, aliás, quer alguma coisa da França, querida?

A Formiga, que ouvia a tudo pensativa, cabisbaixa, encara a Cigarra e diz, categórica: – Quero… Quero sim, amiga. Se por acaso você encontrar um tal La Fontaine, faz um favor para mim? Manda ele pra puta que pariu?!





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texto de Jurema Sampaio - Mestre em Artes Visuais, especialista em Ensino e Produção de Arte, licenciada em Arte-Educação, Desenho e Artes Plásticas (PUC-Campinas). Atualmente cursa Doutorado. Professora Universitária.

4.5.11

O MENINO RICO E O POBREZITO

                                               Belmiro de Almeida - Dois Meninos Jogando Bilboquê

 
Sentados na mesma pedra, à beira de água, disse o menino ao pequenito:

- Que lindos cabelos tens! Parecem de ouro ...

- Se meus cabelos fossem de ouro, minha mãe, que é tão boa, não trabalharia tanto.

- Tens mãe?! - Exclamou o menino, maravilhado.

O pequenino corou como com uma afronta.

- Se tenho mãe?! Ela é que me penteia os cabelos; ela é que me conta histórias; ela é que me cura, quando adoeço; ela é quem me conserta a roupa e me adormece ao colo, cantando, quando, nas noites escuras, tremo de medo ouvindo a coruja. Tenho mãe, como não !? Também não sou tão pobre assim !

- Pois eu não tenho! - suspirou o menino. - Minha mãe morreu quando nasci. Estas terras, com tudo o que nelas há, são de meu pai, que só me tem a mim. No palácio em que moro já se hospedou um príncipe com toda a sua corte. O salão em que durmo é todo forrado de seda com lustres de ouro e tapetes onde os pés se afogam. São tantos os meus criados que, a muitos, tenho por estranhos e pasmo quando me pedem ordens.

- E quem lhe conta histórias?

- Histórias? Leio-as nos livros.

- Quem o veste e penteia?

- A velha aia.

- Quem o acalma à noite, quando a coruja chirria e o vento geme nas árvores?

-Rezo a Nossa Senhora.

- Quando adoece, quem o cura?

- Os médicos.

- E quando a tristeza entra em seu coração, quem o consola?

- Choro.

Levantou-se então o pequenito e tomando nas mãos as do menino milionário, encarou-o compadecido, com os lindos olhos arrasados de água.

- Porque choras? Que tens? - perguntou o menino, comovido.

- Choro de pena, porque nunca pensei que houvesse no mundo outro menino mais pobre do que eu.

COELHO NETO

Poema para o dia das Mães


Poema Cansado de Certos Momentos



Foi-se tudo

como areia fina escoada pelos dedos.

Mãe! aqui me tens,

metade de mim,

sem saber que metade me pertence.

Aqui me tens,

de gestos saqueados,

onde resta a saudade de ti

e do teu mundo de medos.

Meus braços, vê-os, estão gastos

de pedir luz

e de roubar distâncias.

Meus braços

cruzados

em cruz de calvário dos meus degredos.

Ai que isto de correr pela vida,

dissipando a riqueza que me deste,

de levar em cada beijo

a pureza que pariste e embalaste,

ai, mãe, só um louco ou um Messias

estendendo a face de justo



para os homens cuspirem o fel das veias,

só um louco, ou um poeta ou um Cristo

poderá beijar as rosas que os espinhos sangram

e, embora rasgado, beber o perfume

e continuar cantando.

Mãe! tu nunca previste

as geadas e os bichos

roendo os campos adubados

e o vizinho largando a fúria dos rebanhos

pela flor menina dos meus prados.

E assim, geraste-me despido

como as ervas,

e não olhaste os pegos nem as cobras,

verdes, viscosas, espreitando dos nichos.

De mão nua, entregaste-me ao destino.

Os anjos ficaram lá em cima, cobardes, ansiosos.

E sem elmos ou gibões,

nem lutei nem vivi:

fiquei quieto, absorto, em lágrimas

— e lá ao fundo esperavam-me valados

e chacais rancorosos.



Mãe! aqui me tens,

restos de mim.

Guarda-me contigo agora,

que és tu a minha justiça e o exílio

do perdido e do achado.

Guarda-me contigo agora

e adormece-me as feridas

com as guitarras do fado.



Mas caberá no teu regaço

o fantasma do perdido?



Fernando Namora, in "Mar de Sargaços"

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